Há sete ou oito anos, numa viagem rápida, em trabalho, a Milão, fui conhecer o 10 Corso Como, um espaço amplo e moderno que junta arte, moda, design, comércio e gastronomia no mesmo quarteirão, um spot de bom gosto absolutamente irrepreensível. Quando cheguei vi anunciada a inauguração, nesse mesmo dia, de uma exposição de fotografia de Bruce Weber, um dos nomes mais relevantes da fotografia de moda e de publicidade das últimas décadas (o sr. Calvin Klein, entre outras imagens de marca...). Não me passou pela cabeça que o próprio fotógrafo pudesse andar por ali, de máquinas às costas (ou ao colo...), simpático, acessível, a conversar com quem passava e disponível até para ser fotografado. Conversámos um bocadinho e tirei-lhe o retrato. Ei-lo...
Pai com filho de 14 anos é isto: mediante um pagamento generoso, ele arruma as prateleiras dos CD's e recoloca a discografia por ordem alfabética. Porém, no meio da confusão encontra um caderninho pequenino, de formato A-5 ou mais pequeno, com este titulo, com esta capa. Edição não datada, mas pelas minhas contas algures nos anos 50. Dois escudos, preço de capa. Uma biografia ilustrada da Rainha de Inglaterra.
Soa-me campainha quando vejo a publicação - não me lembro bem como chegou a mim, mas não foi por via familiar. Na página dois, lá está, claro e em corpo destacado: TEXTO DE ROLO DUARTE. Mais uma das mil coisas que o meu pai escreveu ao longo da sua (demasiado curta) vida.
Um dia chegou a mim. Guardei, perdi, reencontrei.
Não faz parte dos CD's que o meu filho organiza por ordem alfabética...
No meio de papelada antiga diversa, uma folha de papel pardo com este bilhete colado. A data: 11 de Abril de 1981. Há 29 anos. Eu tinha 17 e ensaiava começar a escrever umas coisas no suplemento juvenil do Correio da Manhã...
No auge da carreira radiofónica de Júlio Isidro, o programa Febre de Sábado de Manhã, da Rádio Comercial, parava o país ao sábado. Tratava-se uma emissão de 3 horas ao vivo, entre as 10:00 e as 13:00, com bandas, entrevistas, passatempos. Lançar um disco e não ir à “Febre” era crime. Ser alguém na música em Portugal – ou que passava por Portugal – implicava uma actuação na “Febre”. Júlio Isidro comandava as operações com o profissionalismo que se lhe reconhece até aos dias de hoje.
O programa começou timidamente no Cinema Nimas, mas o sucesso foi tal que teve de saltar frequentemente da sua casa para espaços maiores – até chegar ao Estádio de Alvalade...
Este bilhete era para uma edição na Aula Magna onde participaram três das bandas de maior sucesso no rock português destes idosd e 80: Street Kids, Rock e Varius, e os meus heróis da época, os Salada de Frutas...