Reproduzo na íntegra o post publicado ontem pelo
Eduardo Pita no seu blog, com a preciosa adenda final... 15 anos depois, estas coisas ainda mexem comigo...
"Os mais novos não se lembram da revista K, que se publicou entre 1990 e 1993, tendo Miguel Esteves Cardoso como director e Pedro Rolo Duarte como editor geral. O projecto gráfico é de João Botelho (o cineasta, sim). E, entre os colaboradores, gente do quilate de Vasco Pulido Valente, que publicou lá, em primeira mão, alguns dos seus ensaios decisivos; Agustina Bessa-Luís, João Bénard da Costa, Maria Filomena Mónica, António Barreto, Francisco José Viegas, Helena Vaz da Silva, Carlos Quevedo, Eduardo Guerra Carneiro, Júlio Pereira, Manuel Hermínio Monteiro, Ferreira Fernandes, Rui Vieira Nery, Pedro Ayres Magalhães, António Cerveira Pinto, Rui Zink, etc., além de fotografia de superior qualidade de Inês Gonçalves, Augusto Brázio, Álvaro Rosendo e outros. A nata da época. Espírito cool. Não voltou a haver nada parecido. Um melting pot de arte, política, sociedade, literatura, nonsense, entrevistas corrosivas, tudo o que hoje a imprensa tem pudor em dizer ou explicar. A imagem ao alto mostra o primeiro número.
A que vem o arrazoado? Um amigo divorciou-se, não tem espaço na nova casa para a parte da biblioteca que era dele, decidiu desfazer-se de tudo o que era revista. As avulsas mandou entregar na junta de freguesia. A ex-mulher ficou com a colecção completa da Colóquio-Letras. Vai bem com as estantes, diz ela, que é prof de Letras. Ele ficou com a K. Mas acha um desperdício ficar com ela só por ficar. Foi a um alfarrabista apreçar. Pediram-lhe 100 euros pela colecção completa. Achou excessivo. Pôs anúncio no ebay por 70 euros. Mas como o ebay se calhar é pouco consultado por cá, pede-me (e faço-o com todo o gosto) que divulgue no blogue: «Vende-se por 70 euros colecção completa (32 números, 1990-93) da revista k em bom estado de conservação.» Usar, para eventual contacto, o e-mail deste blogue: daliteratura@gmail.com
Adenda. A revista vendeu-se 20 minutos depois de publicado este post. Lamento só agora informar, mas não vivo agarrado ao computador. Embora o tenha feito pessoalmente, reitero o agradecimento aos 42 potenciais compradores (até às 16:35h)"
Andava à procura de qualquer coisa relacionada com eleições para postar, quando tropecei nesta primeira página do Diário de Lisboa. Estávamos em Maio de 1975, vivia-se o êxodo da população portuguesa de Angola, e precipitava-se a independência do país. Quando Melo Antunes, destacado militar do MFA, produziu as declarações que deram esta manchete do “DL”, não imaginaria que, trinta e poucos anos depois, o destino de Portugal estivesse, na verdade, tão intimamente ligado a Angola, como os negócios mais relevantes que por cá se fazem comprovam...
... Nota de rodapé: José Cardoso Pires, esse mesmo, o escritor, era à época o director-adjunto do jornal dirigido por António Ruella Ramos.
... E entretanto, António Pedro Ruella Ramos deixou-nos. E fica aqui o meu beijo para a Inês.