Nestes dias de sol que acabaram por animar o Carnaval, as praias à volta de Lisboa transbordaram. Anda toda a gente cheia de saudades de areia, mar e sol...
... E eu lembrei-me de ir buscar esta fotografia que tirei em plena Praia Grande num dia cinzento de Abril de 1983. Como podem ver, um barco ter-se-á enganado no caminho e “deu à costa”...
Não, na verdade foi uma avaria que trouxe o navio “Angra” para a praia, encalhando de vez ali, mais ou menos em frente à barraquinha do clássico “Cá Vou Eu”... Por acaso eu estava lá na noite em que os factos se deram e vi tudo, inclusive o salvamento da tripulação.
Depois disso, durante meses, o “Angra” fez parte da rota turística da zona, primeiro nesta versão integral, depois quando teve de ser desfeito e cortado literalmente às postas para desimpedir o areal. Não havia quem não quisesse ver o monstro atolado na Praia. Por fim o barco transformou-se em sucata e a praia voltou à normalidade. Desse tempo, só restam fotografias como esta e algo bem mais relevante: o restaurante que algum tempo depois ali abriu e se chama... “Angra”, claro.
Encontrei esta capa de um dos suplementos que, na Primavera de 1975, a revista “Flama” – uma “espécie” de “Paris Match” cá da terra – dedicou às eleições desse ano para a Assembleia Constituinte (a responsável pela Constituição da Republica pós-revolução).
Olhando estes símbolos, noto que o PS já praticamente não usa o punho, preferindo a suave rosa, e o PCP nunca mostra a foice e o martelo em eleições. A UDP e a LCI, com franjas de outros (até mesmo do MES – Movimento da Esquerda Socialista...), deram origem ao Bloco de Esquerda. O MDP foi absorvido pela CDU, o PUP nem sei o que lhe sucedeu, a FEC-ML (Federação da Esquerda Comunista Marxista Leninista) deve andar pelo PCTP/MRPP. O PPD é PSD ou PPD/PSD conforme o discursante, e o CDS já nem sei se ainda é PP.
Passaram 34 anos. Mudaram os símbolos, as cores, a garra e as ideias. Mas há qualquer coisa no centrão que não mudou muito...
Encontrei esta fotografia – cuja autoria, infelizmente, não está assinalada – numa edição antiga da revista italiana “L’Europeo”, onde se recuperava o longo do caminho legal do divórcio em Itália, que só no começo dos anos 70 ganhou estatuto existencial.
Fiquei impressionado com a estética desta imagem de perfeitíssimo enquadramento – o primeiro plano anuncia o peso da legalidade, e à medida que o nosso olhar “sobe” na imagem sentimos o seu impacto sobre as pessoas, na figura do homem pensativo que fuma, ligeiramente abatido, e no casal ao longo que parece esperar qualquer coisa enquanto olha pela janela, e presumivelmente vê outro mundo, liberdade, perspectivas.
Sou eu a divagar, claro. Gostei da fotografia, foi isso.